O pré-candidato do PT a prefeito de São Paulo, Jilmar Tatto, voltou a defender, durante entrevista ao portal UOL na manhã desta terça-feira (3), que o PT é o único partido capaz de enfrentar o bolsonarismo e tirar o Brasil da crise.

Aos colunistas  Diogo Schelp e Leonardo Sakamoto,que conduziram a conversa, o petista declarou que a legenda precisa deixar claro “quais são as prioridades para cidade – a exemplo do que fez durante as três gestões anteriores que, segundo ele, deixaram legado incomparável.

Tatto também reiterou a necessidade de “inverter prioridades” e de fazer uma gestão, caso seja eleito, pautada pela humanidade e defesa dos que hoje têm sofrido diante da maior crise sanitária, social e política da história do país.

A seguir, leia os principais trechos da entrevista:

Taxar grandes fortunas

Os bilionários da cidade de São Paulo precisam contribuir com o município e que tanto a capital como o Brasil precisam fazer um debate sobre a taxação de grandes fortunas no país. Nós temos que fazer um debate público, transparente, sobre como é que ficam esses bilionários. Não vão contribuir com a cidade? Só os bancos em São Paulo, essas taxinhas que as pessoas pagam nas casas lotéricas, por ano isso dá R$ 70 bilhões.

O Itaú, no ano passado, teve um lucro de R$ 26 bilhões. Não é possível que a cidade, o Brasil, não vai fazer esse debate sobre a taxação das grandes riquezas, desses bilionários, taxar o patrimônio. Esse debate está acontecendo no mundo. Eu não acredito que o Brasil vai ficar pra trás disso.

Raízes fortes

O PT precisa voltar ao que era, cuidar da vida do povo, do povo da cidade de São Paulo, da periferia, fazer com que a periferia esteja no Orçamento. O PT tem que deixar claro que vai inverter prioridades na cidade de São Paulo, combater essa desigualdade, e a partir daí dialogar diretamente com essa população.

Eu quero fazer uma política de moradia para aquelas pessoas que ganham até três salários mínimos, comprando estoque de terra e organizando mutirões (…) A cidade de São Paulo precisa ainda investir muito em corredor [de ônibus], ciclovias, metrô. Precisamos pensar em outra cidade.

O PT foi muito machucado, mas se voltar a governar a cidade o povo sabe que vai melhorar de vida.

Atual gestão: desumana

Bruno Covas é um prefeito ‘deixa a vida me levar’, e deixa o ‘povo se lascar’. Isso ficou claro quando ele decidiu voltar às aulas no próximo dia 8 de setembro. Eles [Bruno Covas e o governador João Dória] não sabem cuidar do povo. O povo está morrendo todos os dias, está sendo contaminado. A preocupação de abrir o comércio é mais em função do lobby dos shopping centers. (…) Evidente que as pessoas precisam trabalhar, sair de casa, mas as pessoas precisam também viver. Continuam mil pessoas morrendo todos os dias. É a banalização da vida. Nós nos acostumamos com as mortes, e quem está morrendo? Pobre, preto da periferia. E quem cuida deles? Que ação que a prefeitura e o Estado está fazendo para salvar essas vidas? Nenhuma.

Definição da vice

Quem vai discutir a chapa vai ser o PT. Eu gostaria que fosse uma mulher. A maioria das pessoas da cidade de São Paulo é mulher. Mas é um debate que o PT vai fazer mais para frente. Nós estamos naquela fase da elaboração do programa de governo”, afirmou. O quadro está muito indefinido. E quem vai discutir sobre vice vai ser o PT. Tem que aguardar, ir conversando e respeitar a opinião das pessoas

PT, um legado

Existe ainda uma parcela da população que vota na Marta, na Erundina, mas são todos eles governos do PT. O PT tem essa característica de um projeto coletivo, e nós vamos falar que [os projetos apresentados à época] foi no governo do PT.

Vou dar um exemplo aqui para ilustrar. O Sócrates e o Casagrande ganharam títulos pelo Corinthians. Mas os títulos não são deles: são do clube! Então foi o PT que governou a cidade três vezes. É nossa característica criar projetos coletivos e nós vamos, sim, falar que fomos nós que fizemos e não esta ou aquela pessoa.

Alianças

Cada partido tem sua lógica própria e as siglas também têm preocupações devido à cláusula de barreira (medida que impossibilita o recebimento de recursos caso o partido não atinja um determinado desempenho eleitoral). Fui conversar com o Orlando [Silva, pré-candidato pelo PCdoB], tenho uma relação muito tranquila com ele. Ele disse: ‘O problema é o seguinte, preciso lançar candidato, senão o PCdoB vai acabar.

De todo o modo, temos que deixar as portas abertas para a gente se juntar no 2º turno. Eu tenho certeza que vamos ganhar, eu vou ser o próximo prefeito da cidade. O clima é pela volta do PT na cidade de São Paulo. Mas não vamos ser desrespeitosos com as outas candidaturas.

Lula lá e cá

O PT está unido. Nós temos uma coordenação montada, com Haddad, Padilha, Ana Estela, deputados estaduais, com a bancada e 37 zonais. O Lula é um estadista. É uma figura pública que foi recebida pelo Papa! Ele não está preocupado com as eleições. A agenda dele agora é com o País.

Estamos preparando um plano de recuperação nacional. O Brasil está numa crise sanitária, social, econômica, política. Esta é a agenda do presidente Lula. Não tenho dúvida alguma que no momento certo ele estará comigo na campanha.

Saudade do ex

O governo Haddad foi o que mais investiu na periferia. Fazer uma faixa exclusiva na Avenida Belmira Marin, que reduziu em 40 minutos o tempo no trânsito das pessoas, não é investir na periferia? O Hospital de Parelheiros ou de Brasilândia não é investir na periferia? A UBS no Lajeado? A quantidade de escolas e CEUS que ele criou não é investir na periferia? Só quem não conhece a periferia é que não sabe o que fizemos.

Assista abaixo a entrevista na íntegra:

Da Redação com informações do UOL


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