Nos últimos dias, o Brasil acompanhou o drama dos desaparecimentos, e posteriormente dos assassinatos, do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips no Amazonas. Histórias assim costumam chamar a atenção da audiência para problemas estruturais que, por estarem distantes, acabam parecendo que não existe. No caso, o problema é a política ambiental do governo de Jair Bolsonaro.

Nunca foi segredo para ninguém o desprezo que o atual presidente tem por órgãos de proteção ambiental, mas poucas pessoas acreditavam que em tão pouco tempo, o Brasil passaria de exemplo em políticas de preservação do Meio Ambiente para um pária internacional.

Passar a boiada

São inúmeros os episódios que deveriam ser considerados escândalos, mas por alguma razão não gerou indignação no conjunto da sociedade. O aumento das queimadas e desmatamentos; incentivo à invasão de reservas ambientais e indígenas para garimpo e outras atividades; manipulação de dados sobre desmatamento; fraude em licenciamento. A lista enorme de absurdos foi coroada com a frase do ex-Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que falou para Bolsonaro aproveitar a atenção da sociedade para as mortes da pandemia de Covid-19, e “passar a boiada” na desregulamentação da legislação ambiental.

Toda essa política de morte resultou em números vergonhosos para o Brasil: 4º colocado na lista de países em que mais ambientalistas são assassinados em 2021, de acordo com a organização Global Witness. Por aqui, ao todo foram 20 homicídios no ano passado. Evidente que Bolsonaro não é o responsável direto por esses crimes, no entanto é a sua política que deu a permissão para que ocorressem.

O golpe de 2016

Desde o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, a política ambiental brasileira tem sido subvertida de uma lógica da preservação para a da exploração predatória, com impacto direto no aumento da produção de gases responsáveis pelo aquecimento global. De acordo com balanço feito pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), Das 10 cidades que mais jogam esse tipo de substância no ar, 8 estão na região da Floresta Amazônica. Tudo isso devido ao desmatamento. Para efeito de comparação, São Paulo (5º lugar) e Rio de Janeiro (9º lugar), as maiores cidades do país, são as exceções na lista.

Os governos petistas fizeram esforços para atrelar desenvolvimento sustentável e preservação ambiental, pois uma certeza que temos no partido, é que a floresta em pé gera mais riqueza para as comunidades locais do que pasto para gado ou soja. Durante os mandatos de Lula, por exemplo, foram implementadas diversas políticas reconhecidas por sua eficácia na proteção de nossas floretas, como: Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm); Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER); Crédito rural com verificação de regularidade ambiental, entre outras.

Não será em vão

As famílias de Bruno e Dom devem ser respeitadas e os responsáveis, executores e mandantes, devem ser punidos de forma exemplas. No entanto, é fundamental que lembremos que essas barbaridades são legitimadas pelo presidente. O governo Bolsonaro atua de forma a incentivar e proteger o desmatamento, pesca e garimpos ilegais, colocando em risco a vida de ativistas que apenas querem proteger o Meio Ambiente e a população indígena. A luta de todas essas pessoas não será em vão.

Jilmar Tatto é Secretário Nacional de Comunicação do PT


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